Entenda a história do ultrassom odontológico, veja como esse aparelho foi concebido, qual o seu objetivo em relação a especialidade endodôntica, quais são as suas aplicações no meio odontológico como um todo e entenda se esse procedimento é seguro para os pacientes.
Assim, você pode tirar dúvidas e entender melhor como o equipamento surgiu e por que ele é tão importante para a odontologia.
Além disso, conheça as curiosidades e as informações adicionais sobre o histórico da ultrassonografia.
Confira!
O que é o ultrassom?
O ultrassom é um tipo de exame de imagem, feito por um equipamento chamado transdutor. Esse tipo de exame é conhecido também como ultrassonografia ou ecografia. Assim, você deve conhecê-lo como aquele aparelhinho que o médico utiliza para ver o bebê na barriga da gestante.
Contudo, o ultrassom pode ser realizado em outras áreas do corpo e auxiliar no diagnóstico e propiciar o acompanhamento de diversas situações clínicas. Em suma, o ultrassom é um método de imagem prático, acessível e que não possui nenhum tipo de efeito colateral.
Como funciona o ultrassom?
Para a realização do exame o paciente é colocado em uma maca, então as partes que serão examinadas devem ser despidas. Além disso, é importante que não exista ar entre o aparelho transdutor e a pele, já que este ar pode comprometer a qualidade das imagens obtidas pelo equipamento. Por isso, o médico utiliza o gel apropriado.
Durante a realização do procedimento, que costuma durar cerca de 30 minutos, o equipamento de ultrassom emite ondas sonoras que adentram o corpo e criam ecos que são captados pelo computador e transformados em imagens ou vídeos.
Por fim, essas imagens são interpretadas pelo profissional de radiologia que irá produzir um laudo a respeito da região investigada.
De modo geral, esse tipo de exame pode evidenciar lesões, presença de líquidos, alterações na estrutura e composição dos órgãos e tecidos moles presentes no corpo.
Quando o ultrassom surgiu na Odontologia?
O ultrassom odontológico foi usado pela primeira vez no preparo de cavidades em busca de um procedimento menos invasivo. Contudo, apesar de demonstrar bons resultados, esse método foi descontinuado já que existia muita rapidez no preparo de peças a mão em caráter de alta rotação.
Foi apenas no ano de 1957 que Johnson e Wilson decidiram investir no ultrassom como método para remoção de cálculo gengival e biofilmes nas superfícies dos dentes, fazendo assim com que os danos causados aos tecidos das gengivas e traumas fossem menores para os pacientes.
Já na Endodontia, o ultrassom ganhou destaque com Richman em 1957, que usou o método para a profilaxia periodontal, através de um equipamento chamado Cavitron-Dentsply. O mesmo foi adaptado com uma ponta específica para tratamento endodôntico a fim de auxiliar na instrumentação do canal radicular.
Com a falta de irrigação durante o procedimento, que ocasionava superaquecimento, o equipamento foi descontinuado. Assim, apenas em 1976 Howard Martin retomou o emprego do ultrassom na Endodontia, com o intuito de difundir a preparação do sistema de canais radiculares.
Então, rapidamente foi constatado que o equipamento causava rotação com amplitude considerável na ponta da lima, o que produzia desgaste da parte apical do canal radicular, desvios e perfurações, o que mais uma vez causou o desuso desse tipo de procedimento.
Com o passar dos anos e com a evolução do ultrassom odontológico, surgiram aparelhos práticos, ágeis e efetivos no auxílio das cirurgias de acesso, irrigação e remoção de instrumentos fraturados, o que fez com que o ultrassom odontológico se tornasse indispensável na Endodontia.
Objetivo da terapia endodôntica
O objetivo da terapia endodôntica é tratar dor e infecções dentárias que acometem a polpa e que, caso não tratadas, podem levar a perda do dente. De forma geral, o maior desafio da terapia endodôntica é tratar o dente comprometido sem que o mesmo precise ser completamente removido.
Além de enfermidades ligadas a infecções, a endodontia ainda trata pacientes que sofreram traumas ou fraturas extensas. Assim, não importa a situação, quando a polpa é atingida é o profissional de Endodontia que deve tratá-la.
Aplicação do ultrassom na Odontologia
A aplicação do ultrassom odontológico se deu devido a diversos problemas bucais, questões essas que perpassam desde o tratamento periodontal até a intervenção cirúrgica.
Nesse sentido, confira abaixo os principais usos do ultrassom odontológico:
- Para tratamento periodontal: usado para remover a placa bacteriana e desbridar superfícies radiculares que acumulam tártaro;
- Para tratamento endodôntico: neste caso, o ultrassom odontológico promove a limpeza dos canais radiculares, além de remover nódulos calcificados pulpares. De forma mais abrangente, o equipamento pode ajudar na eliminação de remanescentes do tecido pulpar e necrótico, tanto nas canais laterais quanto nas áreas de istmo;
- Em intervenções cirúrgicas: usado para garantir a realização de cortes mais precisos, o ultrassom odontológico pode auxiliar no levantamento do seio maxilar, osteotomias, cirurgias ortognáticas, cirurgias parendodônticas, entre outras.
História do ultrassom odontológico
A história do ultrassom é muito interessante. Ela mostra que elementos simples da natureza podem fornecer inspirações grandiosas para a ciência como um todo. Isso porque o exame de ultrassom odontológico derivou-se das pesquisas que Lazzaro Spallanzini realizou nos anos 1794, acerca da ecolocalização usada pelos morcegos.
Assim, os primeiros a utilizarem essa tecnologia foram os soldados da Primeira Guerra Mundial, que a usaram para facilitar a navegação submarina. Em seguida, a indústria de metalurgia se apropriou dessa tecnologia criando aparelhos semelhantes aos que seriam futuramente usados em medicina.
Foi apenas no ano de 1942 que o aparelho de ultrassom foi introduzido por Dussik, estudioso que tentou mensurar a transmissão de sons pelo crânio. Assim, após Wild e Reid aplicarem a ultrassonografia para diagnosticar tumores nas mamas, esse método se ampliou e integrou a prática clínica.
No caso dos diagnósticos através do exame de imagem feito na face, o ultrassom odontológico evoluiu muito ao longo dos anos, e tornou-se referência a partir do ano de 1983 na avaliação de massas na cavidade oral, de tumores e alterações nas glândulas salivares.
Na Endodontia, especialidade na qual o ultrassom odontológico é mais utilizado, o uso foi iniciado por Richman em 1957, através de um aparelho de profilaxia periodontal.
Segundo o artigo Ultrassonografia em odontologia: uma revisão de literatura, a ultrassonografia é um dos métodos de diagnóstico por imagem mais versáteis e de aplicação relativamente simples. Com o desenvolvimento tecnológico, transformou-se em um instrumento poderoso de investigação médica dirigida, exigindo treinamento constante e uma conduta participativa do examinador.
O ultrassom é seguro para o paciente?
Sim! Isso porque o ultrassom odontológico utiliza ondas mecânicas muito acima da audição humana. Essas ondas não causam prejuízos à saúde, assim, a ultrassonografia pode ser realizada inclusive por gestantes.
